quarta-feira, 12 de setembro de 2007
sábado, 25 de agosto de 2007
Craque
O que faz de um jogador de futebol um craque? Trata-se de assunto de extrema relevância ao qual me dediquei em conversa no bar. Um amigo presente, em ar solene (sempre utilizado antes de apresentar suas opiniões sobre os fatos da vida), disparou:
- Um craque é aquele que reúne três características centrais: inteligência, habilidade e controle emocional.
Apesar de achar que as categorias são autoexplicativas, faço uma breve descrição:- Um craque é aquele que reúne três características centrais: inteligência, habilidade e controle emocional.
Inteligência: no sentido futebolístico da coisa. Revela-se no jogador que, na maioria de suas jogadas, faz a melhor escolha, ao dar um passe, driblar o beck ou o goleiro (no caso de um atacante ou centro-avante) ou no zagueiro "bom de bola", que transmite aquela sensação de segurança para o torcedor, não chuta de bico e é firme e elegante nas suas intervenções.
Habilidade: revela-se na intimidade do sujeito com a pelota. É típico dos craques que só tiveram bola pra brincar quando eram crianças e com ela descrobriram todas as suas potencialidades.
Controle emocional: é o que no futebol costuma-se chamar de "frieza", aquele controle necessário na hora de driblar um goleiro e botar pra dentro ou nos momentos críticos, final de campeonato ou disputa de penaltis. Tem controle emocional o cara que não "amarela".
A conversa continou e, depois de admitir que tratravam-se de categorias interessantes para iniciar uma discussão, meu amigo se lembrou de uma quarta categoria exigida em função das mudanças ocorridas no futebol: condicionamento físico. Esta última, sem dúvida, é a mais polêmica. Mas, ainda assim muito importante hoje em dia, inclusive, para o craque mostrar suas outras virtudes.
Sem nos determos numa discussão mais crítica sobre o "modelo" proposto, fomos logo tratando de aplicá-lo à realidade. Não sem alguma discussão chegados a alguns consensos sobre qual das categorias são predominantes em renomados craques do futebol mundial do passado e do presente. Para alguns, apontamos também as mais deficientes:
Romário: as três
Cacá: inteligência (e muito condicionamento físico)
Robinho: habilidade
Ronaldo: inteligência
Edmundo: inteligência (em campo, de frente para um goleiro, também não faltava controle emocional).
Zidane: inteligência
Ronaldinho Gaúcho: concordamos que das 4 características, a mais "fraca" é controle emocional, mas não chegamos a uma conclusão sobre a mais marcante.
Espero chegar a uma versão mais acabada e sofisiticada do modelo dos craques. Resta saber se existe uma categoria mais importante que a outra, se é possível estabelecer uma hierarquia entre elas e, alguém pode argumentar, se um craque necessariamente precisa apresentar a quarta categoria - bom condicionamento físico. Constatando a recorrência da "inteligência" como categoria predominante nos craques acima, podemos nos perguntar se esta seria a mais importantes das três. Papo pra outro encontro no boteco.
domingo, 12 de agosto de 2007
sábado, 4 de agosto de 2007
Resposta à Marilena Chauí
É triste ver que uma filósofa de peso como Chauí, não consegue manter qualquer distanciamento ao intervir a respeito de questões "quentes" da nossa realidade. Errou a respeito do Silêncio dos Intelectuais e acho que erra novamente a respeito da crise aérea. Causa-me arrepios imaginar o presidente Lula aparecendo diariamente no horário nobre para dar à população as informações CORRETAS a respeito da crise e das providências tomadas. Se se tratasse de um ignorante eu perdoaria, mas em se tratando de Chauí não me parece uma sugestão de boa fé. Assim como ela, repudio o tratamento da mídia à questão da crise aérea que descamba para o sensacionalismo. No entanto, não atribuo tal tratamento a uma intenção velada da mídia ou dos setores que dela se apropriam (“as elites”) no sentido de dar um golpe de Estado. A abordagem da mídia é lamentável em relação a muitos temas e acontecimentos. Para mim isso se deve a um baixo nível geral da televisão e do telejornalismo brasileiro.
Além disso, lembrando de uma colocação astuta de uma colega, recuso-me a acreditar na existência dessa entidade coesa, única, chamada MÍDIA. Será que, de fato, existe no Brasil uma única orientação por trás de todo o trabalho da mídia, orientação esta coligada com os interesses das elites brasileiras? Não acredito. Vejo todos os dias, informações variadas, divergentes, vindas de diferentes perspectivas políticas, ideológicas e, inclusive, pareceres de teor técnico contrastantes. É óbvio que alguns atores possuem mais poder e visibilidade que outros, sobretudo, em se tratando de um país com um dos maiores índices de desigualdade social do mundo. Mas não acredito que vivo em um país onde não existe pluralismo e que estejamos expostos a algum tipo de versão oficial dos fatos elaborada pelas "elites brasileiras". Acredito que nossa situação (graças a Deus) é muito diferente da Venezuela e, talvez, quisesse saber a opinião de nossa respeitada filósofa a respeito do fechamento da RCTV naquele país.
Pois bem. Deixando de lado querelas quanto ao início exato da crise aérea, o fato é que ela estourou agora, a partir do acidente da GOL. Azar do Lula? Mais azar das vítimas do acidente e de suas famílias. E não sejamos inocentes: a disputa política e eleitoral é assim: cada um tentando dar maior visibilidade para o que beneficia a si mesmo e prejudica o adversário. E Lula e seus comparsas não fizeram diferente no governo de FHC (lembrem-se da crise do apagão!). Talvez sem o mesmo poder sobre a mídia para impactar negativamente o governo como era o objetivo, mas que tentou, tentou.
Sendo assim, acredito que o governo tenha sim responsabilidade em oferecer respostas à situação aérea no Brasil. Pode não ser o responsável pela situação, mas se é governo e tem a sua disposição tantos recursos de poder para agir (utilizados de forma tão eficiente quando é do interesse do governo), deveria ter agido com mais consistência, firmeza e maturidade democrática. Em primeiro lugar, quando do acidente da Gol, encomendando um amplo e exaustivo diagnóstico sobre a situação aérea no Brasil: pontos frágeis, potencialidades, atores envolvidos e interessados (empresas, investidores, controladores, militares, usuários). Ao mesmo tempo, levando a diante as investigações, com transparência e isenção, responsabilizando os culpados. Devia ter chamado todos para a conversa, lidar realisticamente com os interesses em jogo, levantar todas as alternativas possíveis. Claro, um diagnóstico como esse implicaria sim, em tempo, mas, ao mesmo tempo poderiam ser identificadas medidas de curto prazo que pudessem ser tomadas para atenuar a situação. Não tenho notícia a respeito de o governo ter tomado tal atitude. Claro, deve ter encomendado ao ministro tal levantamento, mas sem a seriedade necessária e o mesmo deve estar agora jogado em alguma gaveta de ministério.
Enfrentaria oposição, adversários mal intencionados querendo lucrar com a crise e o desgaste do governo? Sim, enfrentaria. Mas, por Deus, Lula está aí, eleito incontestavelmente mesmo depois dos escândalos dos Correios e do Mensalão e de todos os seus principais homens-fortes tendo caindo um a um! Tenho certeza que ele conseguiria lidar com os adversários e os mal intencionados (no limite poderia se valer do Bolsa-Famíla e de todos os avanços sociais conquistados no seu governo como trunfo).
Lula lidou de forma desastrosa com os controladores aéreos. A situação é complexa? Sim, mas um governo que se preze deve saber lidar com elas, engatar negociações, mobilizar os setores que o apóiam a favor de medidas que necessitam ser tomadas.
E, ao invés de receber diariamente boletins do presidente Lula himself a respeito dos acontecimentos, eu ainda ficaria com a nossa pobre e golpista mídia. Exposta a uma multiplicidade de posições, ainda gostaria de preservar minha liberdade de distinguir as "corretas" das "incorretas" e de escolher os veículos que eu considero de fato independentes e plurais. Não, eu não quero as informações "corretas" do presidente Lula. E quem garante que ele sabe? Ele nunca sabe de nada...
Por fim não acredito que exista possibilidade de impeachment e nem que essa seja uma idéia fixa das "elites brasileiras". Meu Deus do Céu, que elites são essas? As elites que conheço, banqueiros, investidores, estão mega-satisfeitos com o governo Lula! O impeachment talvez fosse uma obsessão de Lula e do PT durante o governo tucano. Afinal aqueles instauraram o clima Fora FHC desde o primeiro dia de mandato de Fernando Henrique. Definitivamente não vejo o mesmo clima instaurado e, pelo contrário, vi em diversos momentos da crise do mensalão uma oposição muito mais amena do que o episódio pedia (cujas razões, com certeza, não eram a boa vontade de tucanos e DEMs para com o governo Lula).
O clima atual, a meu ver, não é nada estranho em se tratando de uma democracia: vozes dissonantes, atores com interesses contrastantes tentando vender a sua versão da história, parlamentares interessados em sucesso eleitoral e dispostos a transigir com o governo, grupos econômicos temendo verem reduzidas suas taxas de lucros, veículos de comunicação dedicados a expor, bem ou mal os fatos (e aqueles exclusivamente interessados em audiência) e cidadãos, grupos de cidadãos, sempre mais ou menos informados a respeito do que se passa no mundo da política. Está ruim, queremos mais, lutemos por mais...
Mas, com todos os seus defeitos, eu ainda quero ter um Legislativo e não quero ter um presidente que se remeta diretamente ao povo, toda noite, em horário nobre.
Lamento pela Marilena. Espero que ela busque se informar de forma mais consistente, com veículos de qualidade e não se deixe levar pelos sensacionalismos da "mídia". Se ela não ficar satisfeita com as informações da mídia, com certeza, pode buscar melhores informações no Planalto. Aliás, acho que um dos maiores erros de Lula foi não ter convidado Marilena para compor seu ministério ou sei lá, para ser sua assessora especial ou porta-voz do presidente. Assim, ela mesma poderia nos transmitir as informações corretas, e talvez, quem sabe, um dia, nos ensinar, com base em seu vasto conhecimento filosófico, uma forma de acessarmos, por nós mesmos, a verdade dos fatos.
Pois bem. Deixando de lado querelas quanto ao início exato da crise aérea, o fato é que ela estourou agora, a partir do acidente da GOL. Azar do Lula? Mais azar das vítimas do acidente e de suas famílias. E não sejamos inocentes: a disputa política e eleitoral é assim: cada um tentando dar maior visibilidade para o que beneficia a si mesmo e prejudica o adversário. E Lula e seus comparsas não fizeram diferente no governo de FHC (lembrem-se da crise do apagão!). Talvez sem o mesmo poder sobre a mídia para impactar negativamente o governo como era o objetivo, mas que tentou, tentou.
Sendo assim, acredito que o governo tenha sim responsabilidade em oferecer respostas à situação aérea no Brasil. Pode não ser o responsável pela situação, mas se é governo e tem a sua disposição tantos recursos de poder para agir (utilizados de forma tão eficiente quando é do interesse do governo), deveria ter agido com mais consistência, firmeza e maturidade democrática. Em primeiro lugar, quando do acidente da Gol, encomendando um amplo e exaustivo diagnóstico sobre a situação aérea no Brasil: pontos frágeis, potencialidades, atores envolvidos e interessados (empresas, investidores, controladores, militares, usuários). Ao mesmo tempo, levando a diante as investigações, com transparência e isenção, responsabilizando os culpados. Devia ter chamado todos para a conversa, lidar realisticamente com os interesses em jogo, levantar todas as alternativas possíveis. Claro, um diagnóstico como esse implicaria sim, em tempo, mas, ao mesmo tempo poderiam ser identificadas medidas de curto prazo que pudessem ser tomadas para atenuar a situação. Não tenho notícia a respeito de o governo ter tomado tal atitude. Claro, deve ter encomendado ao ministro tal levantamento, mas sem a seriedade necessária e o mesmo deve estar agora jogado em alguma gaveta de ministério.
Enfrentaria oposição, adversários mal intencionados querendo lucrar com a crise e o desgaste do governo? Sim, enfrentaria. Mas, por Deus, Lula está aí, eleito incontestavelmente mesmo depois dos escândalos dos Correios e do Mensalão e de todos os seus principais homens-fortes tendo caindo um a um! Tenho certeza que ele conseguiria lidar com os adversários e os mal intencionados (no limite poderia se valer do Bolsa-Famíla e de todos os avanços sociais conquistados no seu governo como trunfo).
Lula lidou de forma desastrosa com os controladores aéreos. A situação é complexa? Sim, mas um governo que se preze deve saber lidar com elas, engatar negociações, mobilizar os setores que o apóiam a favor de medidas que necessitam ser tomadas.
E, ao invés de receber diariamente boletins do presidente Lula himself a respeito dos acontecimentos, eu ainda ficaria com a nossa pobre e golpista mídia. Exposta a uma multiplicidade de posições, ainda gostaria de preservar minha liberdade de distinguir as "corretas" das "incorretas" e de escolher os veículos que eu considero de fato independentes e plurais. Não, eu não quero as informações "corretas" do presidente Lula. E quem garante que ele sabe? Ele nunca sabe de nada...
Por fim não acredito que exista possibilidade de impeachment e nem que essa seja uma idéia fixa das "elites brasileiras". Meu Deus do Céu, que elites são essas? As elites que conheço, banqueiros, investidores, estão mega-satisfeitos com o governo Lula! O impeachment talvez fosse uma obsessão de Lula e do PT durante o governo tucano. Afinal aqueles instauraram o clima Fora FHC desde o primeiro dia de mandato de Fernando Henrique. Definitivamente não vejo o mesmo clima instaurado e, pelo contrário, vi em diversos momentos da crise do mensalão uma oposição muito mais amena do que o episódio pedia (cujas razões, com certeza, não eram a boa vontade de tucanos e DEMs para com o governo Lula).
O clima atual, a meu ver, não é nada estranho em se tratando de uma democracia: vozes dissonantes, atores com interesses contrastantes tentando vender a sua versão da história, parlamentares interessados em sucesso eleitoral e dispostos a transigir com o governo, grupos econômicos temendo verem reduzidas suas taxas de lucros, veículos de comunicação dedicados a expor, bem ou mal os fatos (e aqueles exclusivamente interessados em audiência) e cidadãos, grupos de cidadãos, sempre mais ou menos informados a respeito do que se passa no mundo da política. Está ruim, queremos mais, lutemos por mais...
Mas, com todos os seus defeitos, eu ainda quero ter um Legislativo e não quero ter um presidente que se remeta diretamente ao povo, toda noite, em horário nobre.
Lamento pela Marilena. Espero que ela busque se informar de forma mais consistente, com veículos de qualidade e não se deixe levar pelos sensacionalismos da "mídia". Se ela não ficar satisfeita com as informações da mídia, com certeza, pode buscar melhores informações no Planalto. Aliás, acho que um dos maiores erros de Lula foi não ter convidado Marilena para compor seu ministério ou sei lá, para ser sua assessora especial ou porta-voz do presidente. Assim, ela mesma poderia nos transmitir as informações corretas, e talvez, quem sabe, um dia, nos ensinar, com base em seu vasto conhecimento filosófico, uma forma de acessarmos, por nós mesmos, a verdade dos fatos.
Para ler o texto de Marilena Chauí, acesse: http://conversa-afiada.ig.com.br/materias/446501-447000/446655/446655_1.html
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